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meditação do dia 08/06/15- As bem-aventuranças
Primeira leitura: 2 Coríntios 1, 1-7
No começo da primeira parte da Segunda Carta aos Coríntios, Paulo dá graças a Deus por ter sido libertado do perigo de morte na Ásia.
É um começo suave e humilde de uma carta bastante polêmica em que o Apóstolo se defende das calúnias, que lhe dirigiam certos membros dessa comunidade, que ele próprio fundara.
Mas Paulo também encontrou consolações em Corinto, particularmente o “sucesso” obtido com esta dura carta.
De fato, alcançou a reconciliação e recuperou a confiança recíproca.
O Apóstolo reconhece que essa consolação lhe vem de Deus, e que a pode partilhar com os irmãos.
O versículos 8-11, omitidos no leccionário, elencam os sofrimentos suportados e libertações alcançadas graças à oração de muitos.
Salmo: Sl 33(34),2-9
R. Provai e vede quão suave é o Senhor!
Evangelho: Mateus 5, 1-12
Começamos hoje a ler o primeiro dos cinco grandes discursos em que Mateus agrupou os ensinamentos de Jesus.
Este primeiro discurso, o «Sermão da Montanha», ou a Magna Carta do Reino, como alguém já lhe chamou, vai prolongar-se pelos capítulos sexto e sétimo.
Mateus, além das mais importantes exigências éticas de Jesus aos seus discípulos, narra dez milagres (cc. 8-9).
Assim nos apresenta Cristo mestre, cuja palavra divina, não só é autorizada, mas também eficaz.
Mateus apresenta Cristo como o novo Moisés, aquele que promulga a nova lei, sobre o monte das Bem-aventuranças, de que o Sinai fora antecipação.
No discurso das Bem-aventuranças, o evangelista coleciona e sistematiza ensinamentos ministrados por Jesus em diversas ocasiões.
Assim seria mais fácil e prático utilizá-los na pregação e no ensino da Igreja.
A expressão «pobres em espírito», ainda que não se encontre no Antigo Testamento, reflete um aspecto fundamental do mesmo: a expectativa do Reino por parte dos pequenos e humildes.
Estes hão-de possuir a terra (cf. Sl 37, 11) e, portanto, o Reino, que começa já agora. Por isso, é que é «deles é o Reino do Céu» (v. 3).
A consolação é apresentada como um traço característico de Deus, e dom messiânico por excelência (Is 61, 2; cf. Lc 2, 25).
O próprio Cristo se considera consolador e, a esse título, anuncia o dom do Espírito Santo (Jo 14, 26; 15, 26; 16, 7.
O termo justiça indica o reto cumprimento da vontade divina, realizado com entusiasmo e determinação (fome e sede), conota o acesso à salvação, e será a razão de ser da incarnação do Verbo, cujo nome será «Senhor-nossa-Justiça» (Jr 23, 6).
A expressão «coração puro» é recorrente na Sagrada Escritura e é sinônimo de «coração simples» (cf. Sl 24, 3s; 51, 12; 73, 13; Pr 22, 11; Sab 1, 1: Ef 6, 5).
O homem de coração puro verá a Deus, não nesta terra, mas nos céus, onde «O veremos tal qual é» (1 Jo 3, 2), «face a face» (1 Cor 13, 12).
Nesta semana, e na próxima, escutaremos textos da Segunda Carta de Paulo aos Coríntios e do Sermão da Montanha apresentado por S. Mateus nos capítulos 5 a 7 do seu evangelho.
Nos dois livros, somos desafiados por Cristo de modo forte e incisivo.
Em Paulo, o desafio parte da imagem do servo do Evangelho, delineada na “orgulhosa” auto-biografia do Apóstolo de Jesus Cristo por vontade de Deus.
Em Mateus, temos o desafio da identidade do discípulo evangélico, colocado por Jesus na dimensão da bem-aventurança, que vai mais além do que é comum.
Mas tanto a carta de Paulo, como o sermão de Jesus, estão de acordo no anúncio e na experiência de uma felicidade.
Paulo identifica a felicidade com a consolação recebida de Deus como dom, Pai misericordioso, e partilhada com os irmãos.
Jesus assimila a felicidade à bem-aventurança, como consciência dos bens confiados à pessoa humana tornada discípula.
Esta felicidade também se chama alegria, serenidade, exultação, bem-estar, fortuna, consolação e bem-aventurança.
O homem anseia por esta felicidade, tanto como pessoa, como sociedade. O salmo responsorial reflete esse anseio: «Procurei o Senhor e Ele atendeu-me… Este pobre clamou e o Senhor o ouviu, salvou-o de todas as angústias».
A condição para sermos consolados é aceitar, antes, a tribulação.
Deus só pode consolar os que estão tristes, atribulados, desolados.
É precisa uma situação negativa para que Deus possa realizar a sua obra positiva: «Felizes os que choram, porque serão consolados» (v. 4).
E também Paulo escreve: «como abundam em nós os sofrimentos de Cristo, também, por meio de Cristo, é abundante a nossa consolação» (v. 5).
É preciso lutar com Deus na desolação para receber a vitória, a consolação divina, porque não há vitória sem combate.
A desolação pode ser pesada e tornar-se tentação para deixar de acreditar em Deus.
Mas é na desolação que Deus quer consolar-nos. E consola-nos se lutamos e permanecemos firmes na fé e na esperança.
A luta trava-se na oração, talvez difícil, porque a verdadeira desolação faz-nos sentir a oração penosa.
Mas é preciso permanecer junto à cruz do Senhor, para que os nossos sofrimentos se tornem sofrimentos de Cristo, prelúdio de vitória e de consolação, que nos devolvem a certeza feliz de que Deus nos ama e está connosco.
As tribulações de Paulo, e o seu estado de desolação, são provocados pelo ardor em pregar o Evangelho, surgem no seu coração de apóstolo: «Se somos atribulados, é, pois, para vossa consolação e salvação. Se somos consolados, é para vossa consolação, que vos faz suportar os mesmos sofrimentos que também nós padecemos» (v. 6).
É pois um caminho para todos, particularmente para aqueles que querem ser verdadeiros apóstolos.
Na Escola dos Santos: Comentário do dia
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Segunda-feira da 10ª semana do Tempo Comum- Sermão 53
«Verão a Deus»
Nós queremos ver Deus, procuramos vê-Lo, desejamos ardentemente vê-Lo.
Quem não tem esse desejo?
Mas repara no que diz o Evangelho: «Felizes os puros de coração, porque verão a Deus.»
Age de forma que O vejas.
Comparando com as realidades materiais, como poderás contemplar o sol nascente se os teus olhos estiverem doentes?
Se os teus olhos estiverem sãos, essa luz será para ti um prazer; se estiverem doentes, será um suplício.
Naturalmente que não te será permitido ver com um coração impuro o que só se pode ver com um coração puro.
Serás afastado, desviado; não verás.
Quantas vezes proclamou o Senhor que os homens seriam «felizes»?
Que motivos de felicidade citou Ele, que boas obras, que dons, que méritos e que recompensas?
Nenhuma outra bem-aventurança afirma: «Verão a Deus.»
Eis como são enunciadas as outras: «Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu. Felizes os que choram, porque serão consolados. Felizes os mansos, porque possuirão a terra. Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.»
Portanto, nenhuma outra afirma: «Verão a Deus.»
A visão de Deus é prometida aos homens de coração puro.
E não é sem razão, porque os olhos que permitem ver a Deus são os olhos do coração.
É desses olhos que fala o apóstolo Paulo quando diz: «Possa Ele iluminar os olhos do vosso coração» (Ef 1,18).
No tempo presente, esses olhos, por causa da sua fraqueza, são iluminados pela fé; mais tarde, por causa do seu vigor, serão iluminados pela visão.
«Vemos atualmente uma imagem obscura, como que num espelho; nesse dia, veremos face a face» (1Cor 13,12).
Homilia
Diário Espiritual
Jesus proclama as “8 Bem-aventuranças”, onde Ele sugere que a entrada para o Reino dos Céus possui 8 portas, que são as 8 categorias de pessoas citadas aqui: 1. os pobres em espírito; 2. os mansos; 3. Os aflitos; 4. os que têm fome e sede de justiça; 5. os misericordiosos; 6. os de coração puro; 7. os promotores da paz; 8. os perseguidos por causa da justiça. “Estes são felizes, porque entrarão no Reino dos Céus”! Para entrar no Céu, é necessário fazer todo o esforço possível, para ser uma destas categorias de pessoas.
Questionamentos:
Qual destas bem-aventuranças eu escolho e faço todo o esforço possível para alcançar?
Com qual bem-aventurança mais me identifico?
Trazendo o texto para os nossos dias, quem são os pobres no espírito?
Quem são os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça?
Quem são os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz, os que são perseguidos por causa da justiça?
O que Jesus pede a mim hoje?
Quais sentimentos a Palavra despertou em mim?